quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Marquesa de Santos

Estava pesquisando algumas coisas e lembrei-me de um lugar chamado Pateo do Collegio (http://www.pateocollegio.com.br/newsite/conteudo.asp), centro de São Paulo. Ao lado deste lugar , conheci o Solar da Marquesa de Santos, (http://www.museudacidade.sp.gov.br/solardamarquesadesantos.php) que foi adquirido em 1834 pela Marquesa de Santos, a partir de então, tornaram-se famosas as festas ali realizadas, e o imóvel passou a ser conhecido como Palacete do Carmo, uma das residências mais aristocráticas de São Paulo.

Desde quando conheci a casa, fiquei curiosa pela história desta dona, apenas tinha ouvido falar que tinha sido amante de D. Pedro I, e que, supostamente, teve influência no grito de independência.
Esse D. Pedro, pelo jeito, ficou maluquinho por esta dona.

Dona Domitília de Castro Canto e Mello - que se tornaria Marquesa de Santos embora nunca tenha residido nesta cidade, como relata o pesquisador J. Muniz Jr. -, teve grande influência sobre Dom Pedro I, inclusive intrigando-o contra o santista José Bonifácio, de quem ela não gostava. Dom Pedro inclusive estaria retornando ao Rio de Janeiro, após uma visita a Santos e à dona Domitília, quando, às margens do Ipiranga, em São Paulo, decidiu proclamar a Independência do Brasil.

O que a princípio era apenas um certo interesse pela bela dama paulistana foi se transformando num apaixonado romance, de acordo com os cronistas da época, e D. Pedro I, logo após se tornar imperador do Brasil, deixou de lado uma certa discrição que tinha inicialmente e tornou público, de forma ostensiva, seu romance com Domitília, que apresentou à Corte no Rio de Janeiro, dando-lhe o título de Marquesa de Santos.

Relata o mestre em Economia Pedro Aranha Corrêa do Lago, colecionador de autógrafos brasileiros e autor da obra Documentos & Autógrafos Brasileiros:

D. Pedro I viveu um dos romances mais famosos do século XIX com a Marquesa de Santos, e dessa relação de sete anos nasceram quatro filhos, dos quais duas filhas sobreviveram. O casamento de D. Pedro I com D. Amélia, em 1829, pôs fim a esta ligação, e a Marquesa retirou-se para São Paulo, onde casou-se com o brigadeiro Rafael Tobias, futuro presidente da província.

D. Pedro escreveu numerosas cartas à Marquesa, muitas das quais encontram-se hoje em instituições públicas como o Instituto Histórico e a Biblioteca Nacional. A maior parte já foi publicada, mas alguns textos foram omitidos por pudor ou ainda censurados pelo historiador Alberto Rangel, que estudou a correspondência no começo do século.

O imperador assinava de diversas maneiras, desde o mais formal Imperador até Seu Fogo Foguinho, passando por O Demonão, e chamava a amante diversamente de Marquesa, Querida Marquesa, Filha etc. Esta carta inédita escapou ao crivo de Rangel e relata o que parece ter sido um susto dado à Marquesa por seu cavalo Lagarto, que o cavalariço Ricardo deveria ter acostumado melhor ao rabicho que a Marquesa já havia usado anteriormente com ele. A carta revela o quanto os mínimos episódios do cotidiano de sua amante mobilizavam a atenção do Imperador.

A formosa dama paulistana ganhou fama e popularidade devido ao seu relacionamento com o imperador Pedro I, que ficou perdidamente apaixonado pelos seus encantos, chamando-a de "Titília, bela...", em seus versos.

Dizem seus biógrafos que era dotada de uma singular beleza, além de sedutora e faceira. O certo é que o ardor de sua mocidade acabou incendiando o coração volúvel do então príncipe-regente, através de uma paixão desenfreada. Esse amor ardente veio a abalar seriamente o seu prestígio na corte, quase arruinou o seu reinado, levando-o a demitir, posteriormente, vários ministros, e a outros gestos impulsivos. Depois que deixou a corte, forçada pelas circunstâncias, Domitília voltou para São Paulo, onde iniciou vida nova, tornando-se uma senhora devota e caridosa, procurando socorrer os necessitados e/ou desamparados.

Quanto ao seu encontro com o príncipe, segundo versões existentes, ocorreu na chácara do seu pai, o tenente-coronel João de Castro do Canto e Mello, que ficava para os lados da colina do Ipiranga, no lugar denominado Moinhos. E que tudo aconteceu casualmente, quando D. Pedro retornava de Santos na famosa tarde setembrina de 1822, ocasião em que se verificou o acontecimento magno da nossa História. Ao fazer uma parada para descansar da árdua jornada serra acima, deparou com a bela Domitília que vinha carregada numa liteira por robustos escravos, ele a olhou e ela abriu um sorriso radiante. Foi o suficiente para a flecha do Cupido atravessar o coração do galante cavaleiro.

Após o romance que não deu certo, casou-se com coronel Rafael Tobias de Aguiar. Após a morte do seu marido, com o passar dos anos, andava pela imperial cidade de São Paulo num coche brasonado e luxuosíssimo, alardeando opulência, demonstrando abastança e riqueza, sendo que, ao mesmo tempo, visitava e ajudava aos necessitados através de doações e obras de caridade. No final de sua existência, ficava vasculhando baús e caixas de jóias e deleitava-se acariciando afavelmente seus objetos pessoais com o pensamento voltado a um passado distante, quando vivera uma paixão desvairada e fora a favorita do imperador.

Vivia de memórias e recordações de um passado fulgurante, ao lado dos seus filhos, netos e sobrinhos, até que cerrou os olhos para sempre no dia 23 de fevereiro de 1867, aos 70 anos de idade, na mesma cidade que a viu nascer. Ainda em vida pediu um funeral sem ostentação, tendo sido sepultada no Cemitério Municipal de São Paulo, com a presença do presidente da Província, Saldanha Marinho, e de outras altas autoridades paulistanas. Seus restos mortais jazem no singelo mausoléu da família no Cemitério da Consolação, encimado pela figura de um anjinho de ar ingênuo lembrando a figura de Cupido.










Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0095.htm
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Marquesa de Santos (1)
http://www.museudacidade.sp.gov.br/solardamarquesadesantos.php

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